Caì nesta também



Nos conhecíamos já a algum tempo, desde 1990 aproximadamente. Sua vida pregressa não era das melhores, tinha uma família complicada, mas devido a um trabalho pessoal intenso se tornara uma mulher muito atraente. Não era nem um pouco bonita, mas tinha um charme incomparável, eu ficava vidrado ao vê-la dançar. Fui me apaixonando lentamente, até não ter mais como resistir - em 93 começamos efetivamente a namorar.

Na época ela fazia parte de um grupo de terapia, chamado Biodança. Eu também. Ela era muito intensa, extremamente inteligente e eu gostava sempre de ficar questionando seus conceitos metafísicos. Ela procurava se sair bem, sempre procurando manter o que sentia ser o seu único dom, a inteligência. Ela não tinha noção do encanto que provocava nas pessoas e que sua inteligência não era, definitivamente, seu maior predicado.

Namoramos dois anos e resolvemos nos casar.

Era meu terceiro casamento e mesmo tendo me desiludido bastante de relacionamentos, com os dois anos de namoro, decidi, verdadeiramente, montar uma família com ela, no real sentido da palavra.

Após nossos primeiros encontros passei a fazer terapia com o Sr. F.A.C., psicólogo renomado em Brasília, professor de universidade, com uma clientela invejável. Foram dois anos de terapia, muito pesada pois eu definitivamente tinha resolvido "dar um jeito" em minha vida e poder algum dia encarar meus futuros filhos com mais liberdade e realização. Várias vezes tive que direcionar as sessões para manter um caminho mais rápido e efetivo de minhas buscas. Eu e o terapeuta fomos muito eficientes – nesta época ele ainda não tinha se envolvido com a ontopsicologia.

Nosso casamento ia bem, tínhamos alguns desentendimentos, mas nada insolúvel.

Nesta época ela tinha deixado definitivamente a Biodança, pois viu que em determinadas situações ela poderia ser bastante prejudicial e que a desconexão da realidade a tornava uma droga muito interessante, mas causadora de dependência e que, se não ministrada com prudência, provocava uma completa distorção da vida real.

Quando ela descobriu isto, fico completamente pirada, eu, com muito carinho e paciência, a retornei a realidade da vida e a encaminhei novamente ao mundo.

Após o primeiro ano de casamento, ela veio a conhecer a ontopsicologia, através de um de seus maiores ídolos, o Sr. F.A.C., isto mesmo, o meu psicólogo e antigo professor dela.

Eu já freqüentei várias seitas em minha vida, comecei aos 15 anos na AMORC e conheci muitas outras. Já tinha um extenso currículo de misticismo e de "mestres da alma". Tinha, inclusive, ajudado a criar uma seita secreta que mantinha contatos diretos com Jesus, era um devoto intenso, fervoroso, disposto a acompanhar a mestre a qualquer lugar, isto aos 16 anos. Posteriormente vim a descobrir que, obviamente, era tudo uma grande farsa. Poucos souberam disto, foi uma enorme vergonha e um ridículo que passei por esta minha ânsia de encontrar um caminho que me levasse a algo maior que simplesmente essa vida terrena. Hoje tenho 42 anos e sou um pouco averso a seitas, principalmente a "mestres" de "pés de barro".

Ela não tinha muitas experiências nesta área, mas buscava algo superior, apesar de se dizer totalmente atéia. Nós nos compreendíamos muito bem.

Comprei-lhe livros, financiei viagens ao exterior, discutíamos muitas vezes sobre as teorias do prof. (?) Antônio Meneghetti. Eu investia muito nela, queria vê-la crescer como psicóloga e tira-la dessa idéia imbecil de que tinha que ser a melhor para ser amada. Eu a amava muito e dedicava boa parte de minha vida, de minha inteligência e compreensão a ela. Com certeza ela seria uma ótima companheira de viagem, se conseguisse superar os traumas de sua criação.

Nosso casamento foi se deteriorando, ela passou a competir muito comigo. Com mais experiências, 10 anos mais velho, profissionalmente estável e reconhecido, não era muito fácil para ela. Acabamos nos separamos em 97.

Montei uma casa para ela, comprei-lhe um carro, computador e tudo o mais. Depois que ela tinha tirado tudo o que queria, veio com uma história de que seus sonhos indicavam que eu a estava atrapalhando, sua atual ontopsicóloga, a Sra. M.T., lhe indicava que o melhor era se separar imediata e definitivamente. Ela fez o determinado, sem nenhum sentimento, sem nenhuma consideração, sem nenhuma estratégia, sem nenhum constrangimento, sem ao memos pestanejar.

Tinha se tornado mais uma ontotária da seita. Fiquei preocupado porque ela era competente em seu trabalho e me senti um pouco culpado por tê-la treinado com minhas experiências.

Ela nem pensou que não sendo eu em sua vida, provavelmente hoje seria uma mísera facilitadora de Biodança, pensando que o mundo era somente aquilo, moraria ainda na casa de seu pai e continuaria sendo uma criança mimada e frustrada eternamente. Eu a tirei literalmente da lama, a fiz verdadeiramente uma mulher dona de si. Mas isto foi em vão, o Meneghetti a arrebanhou para seu alcatéia.

Se tornou totalmente impermeável a qualquer coisa, se isolou do mundo, se transformou em um ser assexuado, ela que sempre fez questão de se vestir bem e se portar como uma mulher no verdadeiro sentido da palavra.

Hoje até questiono sua feminilidade, para não dizer pior.

O Meneghetti a dopou totalmente. Não sei quanto ao uso de drogas entorpecentes comuns na seita, mas a droga que lhe aplicaram foi a pior de todas – a droga da manipulação mental. Por serem psicólogos eles são experientes nisto, são treinados para a manipulação do ser humano e a maioria dos psicólogos que conheci têm sérios problemas a resolver, por isto foi fácil pegá-los prioritariamente.

Esta seita é difundida nos consultórios de psicologia, por psicólogos registrados e, na maioria das vezes, por pessoas consideradas éticas e sérias. É um completo estupro de nossa liberdade, um absoluto descaso com a ética profissional.

Pessoas inteligentes, competentes, reconhecidas, foram arrebanhadas. Me questiono sempre o qual são realmente inteligentes? Isto me preocupa muito, quando vejo pessoas miseráveis tratando outras, não tão miseráveis assim, mas efetivamente entristecidas com a vida atual.

A ontopsicologia prega o desafeto e a priorização da questão financeira e muitos deles se arrasaram financeiramente. Somente isto é mais que suficiente para uma pessoa saudável ver que a seita é uma enganação, só deve funcionar com o "mestre", pois somente ele enriquece.

Fiz uma sessão com o Meneghetti, e acreditem, ele é um completo e absoluto idiota. O meu ex-psicólogo foi quem traduziu a sessão, já que o energúmeno não fala outra língua além do italiano - ele é de uma cultura "tremendamente" invejável (!?!?). Foram os 20 minutos mais caros de minha vida e os mais inúteis. Imaginem um psicólogo te atendendo em outra língua, de óculos escuros e com uma tremenda cara de asco – é o próprio.

Minha ex-esposa, antes muito delicada e elegante, se pôs a implorar assinaturas, na passarela da rodoviária de Brasília, para que o dito montasse um partido político. Todas as suas discípulas fizeram o mesmo e mesmo assim não conseguiram. Resolveram então, em 98, se unirem a um outro micro-partido e o renomearam de PHS - Partido Humanista Social. É um nome bem condizente com tudo o que eles efetivamente combatem. Dizem até que o nosso atual presidente já consultou com ele (?).

Hoje minha ex-esposa não existe mais, é apenas um simples capacho do Meneghetti e, coitada, nem teve capacidade de ser uma discípula de muito destaque, pois sua beleza física não conseguiu pô-la na cama com "mestre".

Uma mulher radiante, sensual, inteligente, participativa, hoje se reduziu a um zumbi que passa os domingos sentada a janela de seu apartamento, que ela aluga, olhando para o nada, com olhos de vazios, esperando passar o dia para se tornar novamente uma ontotária profissional; ela não tem mais vida fora disto.

Tentei contato com todas as autoridades competentes no Brasil: CRF, CRP, polícia e receita federal, ministério público, tudo o que se pode imaginar, mas ninguém se ateve a, pelo menos, investigar – ou são participantes ou coniventes ou simplesmente uma eficiência insuportável.

Desisti de lutar. Fiquei completamente louco no ano de 2000 e não consegui nada, somente contato com algumas outras pessoas desesperadas como eu.

Fico pensando: será que ninguém vê a que pode levar esta seita pernóstica? Será que não vêm que sua penetração em nossos ciclos políticos, empresariais somente vai dar ao Meneghetti mais poder para destruir mais ainda nosso tão esfolado povo e a eles próprios, os políticos?. Será que são todos uns ignorantes ou então pensam que poderão ganhar algo com isto? Será que o Brasil será sempre um país onde alguns inconseqüentes vêm simplesmente retirar nossas riquezas? Até quando seremos o lixo do mundo?

Pensem bem nisto, pesquisem e vejam com seus próprios olhos.

Ninguém pode enganar todo mundo por todo tempo.

F.L.